NOVO AEROPORTO

     Estou aposentado e ouço programas de reportagens e entrevistas no rádio; gostaria de participar de alguns assuntos que alguns repórteres desconhecem. Enviei um e-mail a apresentadora de um programa matutino,mas esta não deu nenhum valor ao tema mencionado;preferiu falar sobre terapias alternativas, horóscopo,numerologia,calendário Maya e reclamações dos serviços públicos. Assisto programas de debates na Tv com importantes temas e me decepciono quando vejo autoridades suspeitas em terno preto com um botton na lapela: São maçons vaidosos e gananciosos que defendem seus cargos parlamentares; são comprometidos com os empresários das grandes corporações capitalistas. Naquele filme Tropa de Elite I,o personagem Capitão Nascimento definiu muito bem como é o serviço público quando disse: ”A Polícia em primeiro plano se preserva,depois ela realiza o trabalho de segurança pública às comunidades” Quando eu era major na Marinha Paraguaya presenciei enormes aberrações: Mais de mil homens com seus altos soldos jogando e tomando um tererê sem absolutamente nada pra fazer;o comodoro determinou sigilo absoluto do ócio. Faltava assistência às pessoas enfermas e necessitadas em transporte aéreo e, militares eram transportados de avião pra uma pelada com churrasco e cerveja. O MP deveria fazer visitas surpresas aos quartéis e falar com os graduados,pois as inspeções militares culminam em formaturas com condecorações e cocktail. Vamos ao tema o Novo Aeroporto de N.S.R.com as considerações necessárias: Poderiam ampliar a capacidade do Salgado Filho aproveitando espaços ociosos deixados pelas empresas falidas e usar o de Belém Novo no transporte regional. A Base Aérea de Canoas é uma unidade de combate ou de apoio logístico,tendo espaço para a aviação de carga com o acesso livre à Cachoeirinha e Free Way. Poderiam aproveitar o ocioso Aeroporto de Torres como destacamento aéreo aos barulhentos F5,na patrulha ao litoral e trazer helicópteros de Santa Maria, de muita utilidade em grandes metrópoles e que só usam o taxi do aeródromo; lembrando que as UCIs montam rápido um acampamento em qualquer lugar. No sudeste há bases aéreas,parques de manutenção,aeródromos da Marinha e do Exército bem localizados,com espaço e estrutura para a aviação comercial. Um novo aeroporto capitalizaria as empreiteiras que financiariam as futuras campanhas políticas.

PRIMEIRO BAILE 1

   Meu pai e amigos tinham um grupo musical chamado”Jazz Luzes da Ribalta”; era composto por seu Germano pedreiro ao trombone,meu mano no trompete, Eurico o militar ao sax,Joãozinho padeiro no acordeon,Jurandir cego ao violão elétrico,Vilson diabo no rabecão,Sarará na bateria e ainda o BolaSete;que batia pandeiro dormindo sem sapatos,pois não tinha muita intimidade com calçados. Não tinham cantor;a minha mana dava uma canja se houvesse sistema de som. Aquele sábado papai disse-me: Hoje tu vais ao baile para servir como garçom; de dia ele levou os instrumentos na bicicleta e poupou o caro frete de carroça. Numa vez ele levou o rabecão preto,que mais parecia um caixão de defunto; derrubando uma velha gorda no ponto do ônibus,com o braço do instrumento. À noite fomos de bicicletas ao baile,beirando os trilhos e eu de tamancos novos. Na frente do clube funcionava um açougue e barbearia,onde jogavam dominó; pessoas sem dinheiro,ali podiam então assistir ao baile,por uma janela grande. Na porta do salão estava escrito:”É vedada a entrada à pessoas de má conduta”; um anão chamado Golias revistava aos homens para ver se estavam armados. Um cartaz informava:”Moças proibido entrar de calça”e acima do coreto dizia: Copos e cinzeiros quebrados ou jogados na orquestra deverão ser indenizados. Um rádio marca Orbiphon,era o equipamento de som que eletrificava o violão; quando ligavam a serra fita no açougue,a luz caia e ouvia-se ruídos como briga de gatos,às vezes o aparelho começava a transmitir a Rádio ITAÍ dona da noite. Esqueceram em casa o suporte do prato da bateria:Sarará resolveu o problema; pendurou o prato no forro do palco,com a cordinha de fixar o bombo ao banco.

PRIMEIRO BAILE 2

Começou o baile e derrubei uma garrafa no nariz da mana embaixo do coreto. Apareceu o problema da bateria;meu pai abriu a caixa de ferramentas e disse: Desliguem todas as luzes pra ninguém me ver e executem um samba rasgado; ele martelava dois pregos,no ritmo,na frente do bombo.Pra sacanear,tocaram um novo samba de breque;ouvia-se solos de martelo num coro de gargalhadas. Foi a única vez que ouvi tal ferramenta,usada como instrumento de percussão. Outro problema foi o prato da bateria pendurado;quando percutido saia voando tipo disco voador e sua volta poderia decapitar alguém; Sarará gritava Madeira! O baile continuou com a rifa do pato assado;quando de repente seu Teobaldo,o dono grita:”Para o baile”.Ele sai segurando uma moça pelo braço sob aplausos; no outro dia explicaram-me que ela não era mais pura para aquele ambiente. Serviram café colonial ao Jazz e teve briga de cachorros por uma linguiça caída. Colocaram pela pista;Crush,Grapette,gasosa,guaraná frisante e soda limonada: Era a marca craval;a moça escolhia o rapaz para dançar e o refresco para beber; depois talvez,ficassem de mãos dadas,cheios de vergonha,com caras de idiotas. Recomeça então a música e agora sem a serra fita,pois começou o jogo de bolão; quando tombavam pinos,fazia grande estrondo e a furiosa perdia-se no ritmo. Para os dançarinos tudo era melodia e a essa hora já estavam todos mamados. Seu Otto,um alemão viúvo alinhado,gostava de mostrar a sua arte de cantor; subiu ao palco e com a língua travada,num dialeto bras-germãnico anunciou: Acora fo cantá Cranata! Tanta foi sua expressão,que a dentadura caiu ao chão; Eurico mulato,pisou naquela perereca com seu coturno 44,esbugalhando toda. E assim o baile rompeu a aurora,sem mais problemas,exceto os regurgitadores !

QUE SERÁ CHICO?

     O que será que será;que andam suspirando pelas alcovas.Que andam sussurrando em versos e trovas. Que andam combinando no breu das tocas. Que anda nas cabeças e anda nas bocas.Que andam acendendo velas nos becos. Que gritam nos mercados que com certeza e está na natureza,será o que será. Do que não tem certeza e nunca terá.O que não tem conserto nem nunca terá. O que não tem tamanho.O que será que será;que vive nas ideias desses amantes. Que juram os profetas mais delirantes.Que cantam os poetas embriagados. Que está na romaria dos mutilados.Que está na fantasia dos infelizes. Que está no dia a dia das meretrizes.No plano dos bandidos e dos desvalidos. Em todos os sentidos,será que será.O que não tem decência e nunca terá. O que não tem censura e nunca terá,o que não faz sentido.O que será que será; que todos os avisos não vão evitar.Por que todos os risos vão desafiar. Por que todos os sinos irão replicar.Por que todos os hinos irão consagrar e todos os meninos vão desembestar e todos os destinos irão se encontrar. E mesmo o padre eterno que nunca foi lá,olhando aquele inferno vai abençoar. O que não tem governo e nunca terá.O que não tem vergonha e nunca terá. O que não tem juízo. Grande Chico,um nome tão simples pra esse monumento! Há meses tento escrever algo sobre minha indignação com os nossos políticos: Ninguém gosta de ver as depredações,mas fazer o que para ser visto e ouvido ? Só sabem majorar os impostos e tarifas pra satisfazer a voracidade dos agiotas. Os políticos não entendem que a internet trouxe o novo modelo livre de mídia; a religião e a televisão não são mais formadoras de opinião pública,como antes. Estamos na era das transparências e os segredos perfeitos já não existem mais!

RESID.CAPIVARAS

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Minha sogra mora no Residencial Capivaras;conhecido como Pombal e Rocinha; dessa mistura heterogênea de culturas surgem os episódios cômicos e trágicos: Os Hare Krishnas batem pratinhos e cantam a mesma canção às 6h da manhã. Budistas impedem o controle de pragas;uma barata pode ser a volta do mestre. Os atletas falam alto e pisam no jardim;os geriátricos são calmos e silenciosos. Dirceu borboleta está na faculdade de biologia há 14 anos;toca flauta e dorme com as plantas;outro dia surtou e queimou as flores,quase incendiando a casa. A Maroca falou:A Tanajura tem amigos de longe,é só ver nas placas dos carros. O astrônomo mira sua luneta nas janelas e na piscina.Acho que teremos multa; o xaxim da varanda caiu no Pastor. Reunião de condomínio e o síndico relata: Estão urinando na cabine telefônica;teremos que colocar uma câmera no local. Descobriram que o mijão era felino e a mulher que trocava a calcinha para sair. O que houve Chico?Fui no enterro da comadre que morreu de câncer de prost. Anotou os danos da festa?Quebraram um almário e uma mesa de comer velha. Tem as pessoas noturnas festeiras e o porteiro os ajuda até as suas residências: O Canabrava,outro dia entrou errado no carro da evangélica,ligando o alarme; vi as imagens do moleque drenando na floreira e era você o autor da irrigação. Tem aquele casal Liberal e houve uma batalha entre eles e o paladino da moral: O impasse chegou até uma reunião do Conselho e depois de muito debaterem; um velho conselheiro disse:Você tem inveja,quem mexe no balaio quer banana; a reunião acabou em risadas e o paladino ficou conhecido como o banana split. Uma linda garota mascarada aparecia no monitor do porteiro,em sexy fetiches; o circuito não gravava e ninguém acreditava.A Ninfeta reaparece de baby doll e Inocêncio mete porrada no espírito;outro dia sua filha estava com o olho roxo. A Beata acusou Chico de assédio;como era funcionário idoso foram investigar: Ela só usava vestidos abertos atrás,com o hábito de chamar o vigia para fechar; dias antes,a dama arranhara o peito de um entregador de pizzas em sua porta. De noite,reaparece a bruxa;exibindo sua borracharia e o cofre das flatulências. O porteiro ficou estarrecido ao ver a religiosa,embaixo da escada sussurrando: Você é um belo espécime;venha que chegou sua sorte,meu vigoroso garanhão! Francisco pediu sua demissão do condomínio e voltou pro norte; pois é melhor comer calango que carcará.Cornélio,o marido e síndico;se escafedeu da cidade!

SAUDOSA AURORA

   Papai era uma pessoa inusitada,de pouco estudo,porém de grande sabedoria; ele usava de filosofias para definir ou explicar algumas situações do cotidiano. Enérgico na educação e moral,brando nas coisas simples e hilariante a outras; seu Germano era pouco dislálico e algumas palavras soavam bem engraçadas. Apelidava as pessoas e zombava do penteado duro de laquê da vaidosa Brigitte, a minha irmã primogênita,chamado-o ninho de tico tico;ela ficava enraivecida. No início das aulas,nosso pai comprava três cadernos e três lápis pretos,para durar até as férias de junho;só ele poderia apontar os lápis e corrigir os temas. Se o caderno findasse antes,teríamos de apagar as primeiras folhas e reiniciar; em julho ele repetia a compra do material escolar,para até o final do ano letivo. Gostava de cantar músicas de Nelson Gonçalves e Vicente Celestino à D.Deja; ele fazia versos e prosas,mas quando declamava em alemão ela ficava furiosa. Lembro-me,em especial,de uma canção que ele entoava à nossa mãe,que dizia: “A beleza é somente matéria e nada mais traduz,o talento é um espírito de luz”; numa serenata ele errou o nome da Srta Herna,chamando a moça de hérnia. Uma vez foram passear de bonde na capital;minha mãe voltou injuriada,pois apenas viu os doces na vitrine da confeitaria e foram comer pipocas na praça. Meu pai fazia os nossos móveis e brinquedos,reciclando materiais disponíveis. Ele tinha soluções simples e econômicas para os problemas domésticos;montou um relógio de sol,que funcionava no nosso jardim,com flores,pedras e taquaras. Tínhamos as árvores frutíferas,uma pequena horta e os animais de criação; muitos filhotes foram paridos pela porca xica e eles resolveram vender todos. Toda enfurecida,a fêmea entrou em disparada entre as pernas da minha mãe; foi uma cena bem cômica,ver mamãe cavalgando de costas gritando socorro! No natal compramos uma Tv usada,que vivia só em pane;precisava tombar o pesado aparelho,retirar uma peça por baixo e esquentá-la no bafo da chaleira; papai muito atento aprendeu a consertar,observando o técnico à primeira vez. Estava sobre o móvel um bibelô,que começou a escorregar,então ele berrava: Olha o pinto,segura o pinto! Sem entender,assistimos ao enfeite cair e quebrar; achávamos que as galinhas haviam fugido do galinheiro e olhávamos à porta. Mamãe disse: Não é pinto meu velho,é passarinho! Pois que fosse,replicou ele. Ambos já nos deixaram e aquela saudosa maloca foi vendida e desmanchada. Hoje tem uma casa fina,a praça em frente e a universidade na rua asfaltada. Passei por lá e relembrei minha infância:Os irmãos,as brincadeiras e os amigos; a minha escola,o cão sentinela,as árvores cortadas e a nossa inocência perdida. Exumamos nossos pais e um jovem irmão,de outros locais ao Jazigo da família; vendo os restos mortais,por alguns momentos recordei a imagem deles a sorrir!

VELHO NEURÓTICO

     Minha mulher me chama de brutus,dragão,dinossauro,ermitão e neurótico; diz que eu tenho as sobrancelhas tipo taturanas e os dentes feito um ancinho. Sou mesmo à moda antiga para tudo e não tenho paciência pra olhar televisão. No jornal do meio dia só tem crimes ou baboseiras,o que menos tem é a notícia. Um escritor,de terno e gravata,trabalhava e vivia sozinho numa casa de campo; no quartel,servi café a dois americanos de terno e gravata,no verão nordestino. Em todo filme aparece a bandeira norte americana com homens engravatados. Vi numa fita o bombardeio noturno de Londres feito pelos nazistas; um velho tropeçou nos escombros,levantou-se,ajeitou a gravata e foi visitar o cemitério. Eles usam gravata em casa e no trabalho,nas festas e funerais usam smokings; um inglês ou americano pode até ficar sem as calças,mas sem a gravata jamais. Nos filmes do 007 James Bond entrava nos países falando o idioma local; furtava carros com as chaves atropelando as pessoas,galinhas e frutas,sem ser detido. No México e América Central sempre havia o Pablo traficante e a Teresa vadia. No Oriente ele conquistava a esposa do Sultão e após meia hora estavam aos beijos na cama;ela tirava a burca expondo um belo corpo em lingerie sensual. Magaiver fazia granadas com ovos de galinha e balas de revolver com batons. Filme brasileiro não vejo pois é escuro,com pouco texto e eles recitam poesias; adoro Fellini e as chanchadas nacionais,pra ver mini saias e os carros antigos. Outra idiotice são as novelas;é a eterna briga das famílias milionários por poder. Um ator estudou expressões especiais pra representar um gay,com vários já assumidos;e uma atriz ficava horas no camarim para uma personagem obesa. Fazem novelas de todas as culturas,quando aparece um alemão é louco nazista. Sempre aparece clínicas faraônicas e os bonitões,por isso a medicina é tão cara; um médico em Porto Alegre foi embora da UPA,não havia vaga para seu carro. Donos de um consultório odontológica;pai,mãe e filha,tratavam-se por doutor! Fui falar com minha advogada e encontrei com o Veloso,um antigo camarada: Cumprimentei e ele em expressão brava revidou dizendo:Dr.Veloso,por favor! Sorrindo lhe falei:Você não é doutor,é só advogado. Ele replicou:Você sabe ler? Leia meu cartão e a placa na minha mesa. Falei;qualquer um pode ter,é só fazer. Treplicou ele:O Juiz me chama de doutor,imagine você que é um leigo profano. Expliquei:O termo doutor é só um vocativo coloquial usado no meio jurídico. Ele ameaçou:Posso processá-lo! Finalizei:Tem ai meu nome,RG,CPF e endereço. Tudo bem que o mundo evoluiu,só não entendo essa presunção!

ALMA DIVERTIDA

   Todos nós seremos espíritos um dia,pois a vida é contínua e transcendemos a morte,retornando em dimensão espiritual e mantendo as nossas identidades. As pessoas que foram honestas,humanas e caridosas;os seus espíritos são mais leves por terem se doado mais,levitando bem mais alto,com a energia do cosmo; são os espíritos superiores iluminados,que propagam o bem ajudando a todos. Os espíritos médios gostam de estar juntos a nós,até um ser capturado por um nascituro,no fantástico sopro da vida; dizem que se instala na glândula Pineal. Os zombeteiros são divertidos e aceitam bem a sua condição,mas aproveitam da invisibilidade e flutuação pra cometerem estripulias,ajudando ou atrapalhando. Adoram assustar parentes;escondendo,movendo ou derrubando algum objeto. As pessoas maldosas,então;continuarão sendo as mesmas no mundo espiritual. Os maus espíritos não possuem a força dos seres vivos,mas dominam a mente de pessoas perturbadas pra sugar energias,gerar intrigas e executar maldades. Esses espíritos baixos são materialistas,ciumentos,egoístas,invejosos e injustos; um milionário,um assassino e viciado,poderiam promover vinganças terríveis. Não sou santo,mas gostaria de ser um espírito zombeteiro,para voltar a sorrir; não vou cometer grandes maldades,mas pretendo me divertir um bom bocado: Quero ver banguela o dentista que me amarrou pra extrair meu dente cariado. Quero ver a careca naquela gorda que me reprovou duas vezes em matemática. Quero que a ex poderosa pise numa água-viva ou pegue bichos-de-pé na praia. Quero que os filhos ingratos tenham filhos e netos iguaizinhos como eles são. Quero que um cachorro morda o dedão de alguém,bem na sua unha encravada. Os assassinos,corruptos,ladrões e pedófilos;vou fazê-los terem diarreia crônica. À maçonaria que tanta gente já prejudicou;eu tenho um pacote bem especial: Vou produzir goteiras eternas nas lojas,com curtos-circuitos para ter apagões; vou estar sempre atento,para dificultar ou neutralizar todas as suas maldades!

AMORES AMORES

Fala-se em casamentos e pouco em separações;a família é recorde em nuances. É um troca-troca de amores,que às vezes confundo e já tive algumas encrencas. O sacerdote de magias negras trocou a domadora pela enteada da genitora dele. A velha poderosa liberou em geral e soltou a franga pelos bailes da dentadura; em alto grau etílico,quis mandar o pateta para o inferno,mas errou na pontaria. A psicóloga teve três maridos e está à procura;das pupilas eu já perdi a conta. Teve muitos namorantes a professora fofucha e agora corre atrás do prejuízo. A mortiça aceitou o aposentado de volta,pra ele funcionar como uma mucama. Após 40 anos de enlace o coronel foi deixado,como cachorro caído da mudança. A matriarca viúva contraiu uma enfermidade,pelos surungos desta querência. Depois de idosa,a primogênita obesa foi trocada por uma máquina mais nova; meses antes eles haviam comemorado sua união,às bodas de rubi em um motel. Ela vestida num corpete sexy passava a pomada pelo corpo inteiro e ele comia trakinas olhando filmes eróticos;ela optou por um caldo verde para revigorar. De repente ela começou a gemer de boca cheia e ele perguntou: É tesão amor? Que tesão nada;o meu peito caiu na sopa quente e derramei o resto por cima. Quando foram às preliminares,ele foi nocauteado pelas cãimbras fortíssimas. Apesar de estarem divorciados,vivem felizes criando patos na piscina do sitio. Lembrei quando fomos ao Motel Lovy:A namorante era tímida,gaga e estrábica; só me faltava ser um traveco.Quando chegamos o porteiro disse:Sumiu garota? Ela falou: Eu estava convalescendo de uma forte hemorragia;quarto 7 por favor. Fechem a janela e a cortina,pois o neto da dona aluga a mangueira aos garotos. Na placa lia-se:Café,pastel,Mirinda gelada,vodka,Alka-Seltzer e cigarro á granel. A chave tinha uma tabuleta que não cabia no bolso; fechei a Kombi e entramos: A janela era bem alta,para ninguém limpar o suor e o nariz na cortina,ou fugir. No teto,a lâmpada fraca estava envolto em papel celofane carmim e tinha uma caixa de som fanho,com músicas de Lindomar Castilho,Nelson Ned e Odair José. Ao lado da cama,o ventilador ruidoso e ferro de alisar o lençol à próxima vítima. No banheiro,uma fatia de sabão coco na pia alta,para o maçarico não alcançar e uma vela preta; não sei se faltava luz,se era para rezar,ou pra outra utilidade. No box,um tapete de sacos de leite e duas havaianas esquerdas,para não sumir; o chuveiro estava de pelar porco e quase morro assado ou por choque elétrico. Pela basculante,via-se uma velha ensinando um papagaio a falar e ouvia-se num rádio;a voz de um Pastor berrando o evangelho.Levei piolhos de recordações!

BAILE FEDORENTO

     Certa feita fomos nos apresentar em um baile do chope nas bandas da serra. A kombi ano 67 não aguentava mais carregar nove músicos e os instrumentos musicais no bagageiro,por aquelas estradas de terras íngremes ou tortuosas; subindo tinha de empurrar na falta de força,descendo segurar na falta de freios. Descíamos uma coxilha e vimos três gringos caminhando na beira do caminho; um levava o machado ao ombro,o outro a foice e o terceiro tinha a espingarda. Dilson,Eden e outros maloqueiros,berraram as piores ofensas aos camponeses; então veio a subida,o carro engasgou e morreu,sem bateria pra religar o motor. Ninguém ficou no carro e fomos nos entocar no mato,na passada dos colonos, que foram embora quietos em paz;acho que nem entenderam bem as ofensas. Paramos no posto para reabastecer e lanchar;um cartaz na parede do bar dizia: Proibido fornecer bebidas de álcool aos Índios,Sujeito a Multas ou Interdição. Chovia à noite no local;algumas pessoas chegavam ao baile de trator e galochas. O salão fora adaptado de um cinema sem janelas e o assoalho era como rampa; os dançarinos tentavam ficar distribuídos,mas acabavam embolados e ao chão. Embaixo do palco era a copa,ao lado o berçário,o toalete feminino e o armeiro; por uma porta lateral e por um facho de luz,achava-se as latrinas masculinas. Alguns músicos imundos drenaram atrás do palco,para não saírem na chuva; chegou uma mulher gorda de trunfa e um homem magro de bigodão gritando: Vocês urinaram nos pastéis,terão de pagar pelo prejuízo,vou jogar tudo fora! Tive um acesso de risos,a imagem era inusitada;vocês já viram italianos bravos? A furiosa seguia com ritmos alegres;só o sangrar do barril já era uma sinfonia. Lá pelas 02:30h da madrugada fizemos um intervalo e os homens foram mictar. De repente entra pela porta lateral,o Bem Amado Patrão,com dois revólveres; ele deu um tiro e gritou: Para o baile! Subiu ao palco e começou a sua ladainha: Somos uma sociedade de gente simples e ordeira que vive da labuta e dedicação; não admitimos pessoas de má conduta ou vandalismos e isso não ficará assim! Sem nada entender perguntamos ao seu auxiliar o que acontecera? Disse-nos: Uma turma de jovens brigões foi impedida de entrar hoje,então pra se vingar; tiraram a luz das latrinas e mudaram pra trás das covas,ocasionando as quedas. O baile acabou mais cedo pela falta de quórum e na perseguição aos vândalos!